terça-feira, 31 de agosto de 2010

Felina




Tudo era muito novo, e eles se divertiam com a situação inteira. Deixava a porta aberta - era a brincadeira mais interessante de todas; a porta aberta - só para sentir aquela sensação de "não preciso trancá-la mais, não há mais medo ou razão para tal".
- Pára, pára, pára tudo. Quer dizer que vocês realmente...?
- Cara nem dá pra te contar, foi fantástico.
- Ah, esse é o cara que eu conheço. Sim, mas continue, quero saber tudo.
Descrevia que o sol era amarelo, fazia calor (pudera, era verão num país tropical), ela estava pequena, esguia, encaixava em seus braços de uma forma excepcional ao ponto de não soltarem-se mais.

E quase seis meses depois, a maior lembrança daquela casa são os montes de picos escuros, o lago que havia vale à dentro, a brisa quente que tirava o fôlego e o amor daquelas noites felinas de verão.

domingo, 29 de agosto de 2010

Ressaca, lembranças, saudade e muito amor




Fez lembrar-se por entre cápsulas e caixas vazias. Também por músicas, quadros... As paredes estavam cheias dela e seu cheiro, impregnado nos lençóis, dava lugar às hastes bicolores que monocromavam o teto.
- Preciso arrumar a bagunça antes que meus pais voltem - pensou Miguel, que havia dado uma festinha em sua casa durante a ausência deles no fim de semana. Lembrava as histórias da noite passada, o "me chama na sedução", o strip tease da embriaguês, Marta vomitando o banheiro todo, as conversas sobre futuro com Isabel, os bordões de Thomas; tudo, exatamente tudo havia sido engraçadíssimo. É sempre bom reunir os amigos para uma crevejada dessas, ainda mais um pessoal assim, animado, descontraído.
"Há um quê de bela e de fera dentro de nós", havia dito Tamires pouco antes de vomitar as duas latinhas de cerveja que virara numa aposta.
"Não dá pra beber de testa com Martha, essa menina tem fígado de aço", gritara Pedro após perder uma partida de "emprensadinho"
Levantara finalmente.
Lavar os pratos, arrumar os móveis, passar pano na casa, limpar os banheiros, tirar o cheiro de cigarro. Às vezes penso que seria melhor deixar a casa nessa bagunça mesmo; talvez assim, restassem apenas as lembranças da noite passada.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

E as pendências imediatas?




Um dia para ser lembrado!
E as lembranças haverão de ser mais que positivas, serão... Únicas?

Sempre pouco e demais;
Será sempre como "do século".

Haverão de concordar comigo, em filhos e netos, que existe um algo maior que estar feliz; existe o fazer o outro feliz. E se posso encontrar felicidade em um sorriso alheio, que seja de olhinhos fechados, de cabelos curtos, sorriso verdadeiro que ilumina o arco-íris e faz a lua cheia de inveja em brilhos.

Paupáveis aos olhares, toques, gestos, o estar próximo verdadeiramente somado ao querer bem são saída correta às pendências imediatas.

Hoje já não há falta ou excesso;
É sempre pouco e demais,
Será sempre "do século".

domingo, 22 de agosto de 2010

E nunca acaba




O bom é que nunca acaba; é sempre conversa pra amanhecer o dia; e se o dia amanhecer será conversa pra adentrar na madrugada.
A gente fala e fala, sem parar, sem pensar; talvez porque falar seja uma forma de aproximação legal, espontânea.

Lembrei-me!
E quando lembrei, peguei logo o celular e liguei. Era só para chamar uma vez mesmo, para que meu número ficasse gravado nas chamadas recentes e acabar lembrando o quão recente é redescobrir o amor à todo instante.
(Contigo)

E também era para saber que a solidão é optativa quando conhecemos alguém com capacidade boemia de usar bordões e farfalhos de conhecimento, num boteco onde a cerveja não custe mais que dois reais.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

The Road Too Far



Ouvia Bob Dylan há umas três semanas consecutivas. O álbum era "Blood On The Tracks", um clássico dos corações quebrados de acordo com Hank Mooody.
Hoje viajava pela estrada, fumava mais um cigarro; a garrafa de cerveja estava na metade e Bob continuava a gritar "if you see her, say hello".
Semáforo.
Uma garota cruza acenando - será alguma alucinação do álcool ou nicotina? A garota era estupidamente bonita.
Ela continuava cruzando a avenida e acenando. Abaixa o vidro e, de imediato, solta:
- Quer uma carona?
Susto!
Era Eveny, uma grande amiga do tempo de colégio.
- Então você anda flertando com qualquer uma, Dave?
Sem jeito, ele responde:
- Não era qualquer uma, e eu não estava flertando. Aliás, vai nesta direção?
- Sim, iria pegar um ônibus, mas vou aceitar a carona.
A conversa em si não interessa, o legal mesmo é ver como as relações interpessoais se dão. Tudo ao seu tempo, tudo.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Last Night




Ia e voltava. Voltava e ia
Quando ia, não sabia o que seria
Ao voltar, era a saudade quem surgia
Gosta

e o gosto é legal como uva madura
Gosta de dar presentes
de demonstrar o sentimento
Doar-se era um jeito de dizer

e haverás de reconhecer
o que, no fundo, só a gente sente

Assim tem sido o último mês

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Uma homenagem à banda The Fezes,o pessoal mais chorão, engraçado, amigo...
e ah, sem vocês não teria dado certo!

Homenagem especial também para aniversariante, Vanessa. Foi pra você, querida! (acho que para o próximo ano não farei nada,você já vai esperar festa... heheheheh)

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Il fine della settimana



E finalmente passaram-se as duas horas.
-Alô?
-Oi, quem fala?
-Aqui é Paulo, gostaria de falar com Ynadia.
-Ok, aguarde um instante.
Toca o muzak por uns dois minutos - que pareciam uma eternidade, diga-se de passagem.
-Paulo? quanto tempo, meu amigo; como vais?
-Yna, vou muito bem. Conte-me as notícias gritantes; soube que estás morando em Campinas, agora.
-Ah, pois é, Paulo, vc precisa conhecer Campinas, a cidade é fantástica. Bastante iluminada, temos a impressão de ser dia ainda à noite.
-Sério? Poxa, preciso mesmo conhecer, já ouvi falar muito de daí.
-Ah, e sabe aquele meu ex-namorado, o Fernando?
-Ex?
-Pois é, acabamos. Caminhos diferentes, você sabe.
-Mas que bom que você está bem! Quer dizer que agora é vida nova em cem porcento?
-Cem porcento! Mas é só para quem tem "know how".
-Ah, danada. Yna, muito bom ouvir sua voz, mas preciso deligar, sabe que as ligações são caras para um estudante de direito em João Pessoa. Liguei apenas pra dizer que estou vivo.
-João Pessoa? como assim João Pessoa?
-Não te contei? Agora moro aqui, um recomeço muito bom na cidade mais arborizada do Brasil.
-Sério? Que saudade desse "solzão" do nordeste. Está certo, deixo você desligar, mas você vai prometer que vamos manter contato; desde que viajaste para a Itália que não falo contigo, sinto saudades.
-Certo, agora que tenho teu número novo, prometo ligar várias vezes; e com mais "tempo" também.
-Mais uma coisa, ainda escrevendo encontros casuais sem lógica?
-Você ainda acredita na ocasionalidade?
-Sempre me pegando encurralada, não é? Saudades enormes, beijo.
-Beijo.
O fim da conversa foi espontâneo.
Mal sabia ele, mas dentro de três meses os grandes amigos tornariam a se encontrar; dessa vez pessoalmente. E assim eram...














... as relações interpessoais.

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Vamos lá, votem na enquete ao lado! (estou achando que não existem leitores aqui).



Mas e ai, Hai Trovato?

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Há um quê de pecado nas palavras não ditas


Eu posso aceitar que o sol não venha à tona hoje, ou que o céu fique tão sóbrio ao ponto de não derramar uma gota em minha cabeça. Posso acatar frio do marrocos e calor vindo do ártico, e até entendo medo de homem velho ou coragem de criança. Eu consigo compreender má educação, raiva, rancor, tristeza, e uns quarenta outros sentimentos que surgem em seguida.
Aceito que os outros me surprendam, apesar de fazer de tudo para prever algum movimento; mania de um ex-cavaleiro combatente. Posso descrever com detalhes a roupa que usas, vendo-te apenas de relance; no entanto eu prefiro fingir esquecer para me fazer menor.
Na verdade eu posso ser, fazer, estar, aceitar e uns outros tantos verbos de ação que andei lendo ontem; só não posso ser feliz sabendo que parte de mim possui um vazio interior.

Talvez esse vazio constante tenha sido tudo que eu nunca consegui ler em você.

Seja feliz! Te gosto a companhia, querida.

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Ando sem tempo pra escrever algo mais "Trovato". Mas ainda desafio quem lê a entender! Vamos lá quero ver sugestões de "sobre quem foi o texto" ou "o que quis dizer com ele".
comentem!

E não esqueçam de votar na enquete ao lado!

Hai trovato?

terça-feira, 10 de agosto de 2010

You can pass (if you want to)



I really hate to pay this toll
So don't care on me
'Cause we tried this hard
'N what could that be now?

Don't
Don't you look back
We can pass thru this, baby
We should grow to be better

And if you want a change of heart
Remember all the good times we had
Think of your life, imagine it better
Don't you ever hang up again

'Cause love, when is true
Will always show us the way

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Musiquinha idiota que escrevi ainda a pouco. a letra tá sem revisão, qualquer erro, adianto minhas desculpas. Está cifrada, depois edito e mostro pra alguém.
Ah, deixo vocês ao som de Def Leppard - Photograph.

Votem na enquete ao lado sobre o que você acha de fazermos joguinhos através dos textos de Trovato. Como muitos já perceberam, os textos aqui postados, são sempre de duplo (às vezes triplo ou mais) sentido; daí a idéia de começarmos à fazer joguinhos com os significados. Votem! (está liberado o direito de votar mais de uma vez!)

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A cerveja do sábado



Eu te lembro assim: jovem, descontraído, animado (e animando), sorrindo.
E te lembrarei sempre assim, sempre confiante, crente, um grande que teve de ir muito antes que os erros fossem consertados. Antes de outros; mostraste a força que possuo, meu poder de influenciar e convencer; reconheceste em mim, habilidades que escolhi para vida.
Meu Muito Obrigado!
E minhas sinceras desculpas, também. Era pra ser diferente, era pra você estar lá em duas semanas, do meu lado, a família rock 'n roll inteira!
Então eu peço que me inspire se puder, me ajude se tiver algum tempo, ou, pelo menos esteja lá; porque será em homenagem ao maior guitarrista que já conheci.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Pipoca, refrigerante e pizza

Essa era a maior vontade: "Escrever algo assim que chegasse em casa".
Percebera que não precisava realmente. O "1, 2, 3 e vai!" havia se aliado ao "corno, vendo a namorada dormir de conchinha com outro".
E ele ria-se por inteiro. Ria da vida, dos artigos que nunca publicara, dos conselhos que nunca seguira, dos cafés que nunca provara... Era bom sentar-se naquele pub com uma companhia tão agradável; onde aventuras, facilmente, tornariam-se rotina.

(gosto da companhia(,) explêndida)

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Precauções

Tomei o cuidado de pôr o cinto de segurança, de dar as mãos antes de passear, olhar os dois lados ao cruzar a rua, rezar antes de dormir, fazer o café da manhã no aniversário de mamãe, compor várias músicas para a namorada, dizer a todos que são amados, confiar no que me mostravam.

Estava confuso com o certo e o errado, talvez eu errasse sem perceber. Foi meu momento, meu!

E havia um ar de sadismo no sorriso enigmático. As doses eram para esquecer a responsabilidade que me cobravam, os gritos eram para soltar algo que não saía.

Os momentos não foram; SÃO para ser lembrados. Sempre e sempre.

Ainda vai doer muito, mas não é tua essa dor, é minha. Se quiseres ajudar, lembre, lembre! Será que podes lembrar?

terça-feira, 3 de agosto de 2010


Com esse solzão não dá pra esperar algo melhor que uma praia com os amigos no fim da tarde, tocar uns reggaes na fogueira, namorar a menina que sai do mar!(...?)

Sabe que na praia do francês, a espuma brilha cor de prata às 16h?
Que na Jatiúca existe o fenômeno do silêncio do mar.

Não há como imaginar cenas bonitas como as que já vi. E tantas outras que passam aqui na cabeça. Pra, talvez, dividi-las com alguém.

É, estou me aproximando...

Havia um tom vermelho-rosado na tela (1)

Serve pra eu ficar mais tristonho, pra verdade sair, pra fantasiar os super heróis e os vilões também.
Serve pra fazer calor em janeiro, frio em agosto; pra sentir vontade de nadar à noite e correr de dia.
E deve haver umas cinqüenta serventias mais. Mas nem pense que são de toda malevolência.
Mais uma brincadeira, um trocadilho, um chiclete de menta.

É, estou ficando muito vago nas mensagens diretas...
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Uns versos bem tolos que fiz ao acordar:

Disfarço meu cheiro no rastro
Despacho
Ponho amarras nos pés
Ponho pés pelas mãos, descalço

Faço um quadro com tinta velha
Com velha tinta pinto um papo
Fantasiando conversas da nossa quinta
Assim imagino que seria bom

Alguém com quem dividir esse abraço apertado



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(1) e uma vontade de pegar forte e fazer tantas coisas