terça-feira, 13 de julho de 2010

Canção da Estrada Amarela


Havia uma música estranha.
De terras distantes, num alaúde perdido, ela ritmava a estrada que vim. Escondi-me entre as árvores para ver qual a origem daquele som. Era um épico estranho, sem tambores ou percussões, mas nada faltava ao som.
Lá vinham eles. A flauta de cano duplo, o violino, havia também um violão contrastando a balalaica; cordas e sopros completavam-se ricamente.
Tocavam porque era conveniente a eles, os bardos de outros tempos, todos reunidos. Marginalizados, eles tocavam aquela música. Intensa música.
De onde eu a conhecia?
Decidi sair do meu esconderijo; achei que os assustaria - pobre engano. Mal notaram.
Era minha música perdida! Era eu. Estranhamente eu estava lá, eu era lá.
Sou meu caminho, minha salvação, meu medo e minha perdição. Mas sou essa canção bonita, também. Há algo maior que nós; por dentro há algo que me alimenta, que cobre meus espaços por completo.
Ainda a descobrir-me componho a música sem pressa. Mas falta um pedaço que não consigo lembrar-me. Um pedaço que me foge estando próximo e me completa músicas estando distante.

Henrique Macêdo Santos
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No player (final da página) Blind Guardian - Black Chamber

Um comentário:

  1. Faço questão de ser umas das primeiras a ler. Viu? esqueça disso não. Vc mora em maceio né? Mês q vem eu me mudo pra lá/aí! BJo, bjo.

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