quinta-feira, 10 de junho de 2010

Números

A noite passou clara. Estavam tornando-se comuns esses dias em que 2h da manhã era hora de acordar; acordar para o quê?
Ela não fazia idéia do que estava por vir, se era bom, ruim.
Ouviam rumores sobre uma destruição que crescia numa terra distante, rumores de um mundo que se desfalecia por dentro.
Mas sua esperança nunca morreu, recontava os decimais agrupados de 1 à 9, de 9 à 1, de 9 à 9 ou 8 e 6, contava e recontava o dois e o um, já não havia mais um nove nem um quatro; mas decidira arriscar adivinhar. Jogou, pois, seu Tarot pessoal, e tentou também as Runas, as cartas e todos os outros ritos de passagem que conhecia; não, não havia forma correta de mostrar ao mundo o seu pensamento, nem havia como pensar com o mundo.
Decidida a dormir, pegou mais um pedaço de papel e recomeçou a contar até a exaustão.

Henrique Macêdo Santos

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